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No contexto das acções levadas a cabo para a solidificação do Movimento Activista e sua participação activa nas diferentes acções de advocacia nas províncias, a Associação ActionAid Moçambique e seu parceiro local ORAM, realizaram semana finda na província de Sofala, uma reflexão a volta da participação de Jovens e Mulheres nos espaços de diálogo e tomada de decisão com o objectivo de identificar as razões da sua fraca participação nos espaços acima citados.
A sessão foi ministrada pelo colaborador da AAMoz, Luís Enoque, que contextualizou a situação da participação dos jovens nos espaços de diálogo e tomada de decisão em Moçambique e explicou aos jovens e mulheres presentes, o significado efectivo de participação nos espaços de diálogo. “A participação nos espaços de diálogo é a presença e envolvimento nos Conselhos Consultivos locais, nos Observatórios de Desenvolvimento provincial entre outros órgãos de participação local”, explicou aos presentes Luís Enoque, tendo sublinhado a importância de os jovens e mulheres conhecerem os instrumentos que norteiam a actividade do Governo, como é o caso do PES, PESOD, PA, PQG entre outros instrumentos que dão suporte ao processo da participação.
Durante o Debate, os Jovens e Mulheres exteriorizaram como motivos da sua fraca presença nos espaços de diálogo e tomada de decisão a intimidação por parte do Governo com recurso a meios coercivos, a fraca escolaridade da maioria dos jovens e mulheres a nível das comunidades e falta de organização dos mesmos. José Torres, jovem membro da ACAM em Sofala, falou da necessidade de os governos criarem mais espaços e convidarem os jovens. “Muitas das vezes nós não somos informados dos eventos organizados pelas estruturas do bairro, pelos governos provinciais. Há um fechamento dos espaços para a camada juvenil, o meu desejo é de ver grande parte dos jovens a participarem destes espaços”, exteriorizou o jovem.
“Ao nível das grandes cidades, os espaços de diálogo quase que não existem, nós como jovens precisamo-nos estruturar melhor e criarmos esses espaços através de encontros constantes de reflexão. A maior parte dos jovens apostam mais no uso das redes sociais em detrimento de encontros presenciais. Precisamos sair do virtual para o real e elaborar posicionamentos e declarações”, disse Estrela Mboe, membro do núcleo das associações feministas de Sofala.
Sobre a participação da mulher nos espaços de diálogo e tomada de decisão Nayra Cardoso, membro da CARE, disse que as práticas culturais e construções sociais continuam a inferiorizar a imagem da mulher perante o homem nas comunidades. “Notamos fragilidades para com a valorização da imagem da mulher a nível das comunidades. As práticas costumeiras são principais influenciadores da fraca inclusão das mulheres nos espaços de diálogo”, frisou a jovem mulher.
A actividade foi realizada no contexto do projecto “Promoção da Governação e Diálogo Democrático Sustentável em Moçambique” no âmbito do Programa de Apoio a Actores Não Estatais (PAANE Moçambique) financiado pela União Europeia em Moçambique, através do Gabinete do Ordenador Nacional – GON. A mesma contou com presença de cerca de 30 participantes jovens em representação à diferentes organizações da sociedade civil como Associação Comusanas, ADEL Sofala, Associação Anandjira, ACOMO, CCM Sofala, bem como a participação de alguns membros do governo, neste caso, a Direcção Provincial da Juventude e Desporto.